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segunda-feira, 26 de março de 2012

NOSSA SENHORA DAS DORES




A tradição católica enfatiza na semana santa as “Dores de Maria”.

Recorda o sofrimento da mãe de Jesus ao ver o filho percorrer o triste caminho do calvário. Em algumas regiões do Brasil, faz-se na quarta-feira santa a “procissão do encontro”. Os homens vêem em procissão com a imagem de Jesus, e as mulheres, com a estátua de Maria. Com o nome sugere, os dois grupos se encontram ao final, para celebrar o trágico momento no qual Maria e Jesus convergem na trilha pública que o leva à morte.

Na sexta-feira da paixão multiplicam-se as vias sacras, os teatros da “paixão do Senhor”, na qual o drama encontra seu ápice na cena da cruz. Lá está Jesus, à beira da morte, acompanhado pelos dois ladrões (o bom e o maldoso), Maria e o discípulo amado. E, por fim, a terrível cena da “pietà”, na qual Maria sustenta nos braços o corpo morto de Jesus. Ao menos três dores do Maria no mesmo dia.

Maria, a mãe de Jesus, provavelmente viveu tal sofrimento, também partilhado pelos discípulos. A devoção popular, estimulada pelo clero e pelas correntes maximalistas, viu nestas cenas o fundamento de “Maria corredentora”. A idéia era muito simples. Dizia-se que Jesus nos salvou pela intensidade de seu sofrimento na cruz. Por isso, quanto mais sangue e mais sofrimento, maior seria a redenção. E Maria, como sofreu com Jesus na cruz, participou deste processo como ninguém, padecendo com seu coração de mãe.

Esta forma de refletir sobre as dores de Maria capta algo real: a solidariedade no sofrimento. Maria, a serva de Deus, está em profunda sintonia com Jesus, o Servidor da Humanidade, aquele no qual a comunidade cristã viu realizada a profecia do “Servo Sofredor”, anunciado por Isaías. Mas a reflexão deixa na sombra algo vital. A redenção trazida por Jesus não se realizou somente devido à morte na cruz. A salvação, oferecida em Jesus, é um longo processo. Começa na noite de natal, com a encarnação. Acontece em cada gesto de Jesus, quando anuncia o Reino de Deus, cura, inclui os pobres e pecadores, e fala do Pai. O gesto salvífico encontra seu ápice na cruz, expressão máxima do amor, a ponto de dar a vida. E só encontra sua plena compreensão à luz da ressurreição. Por isso, é mais correto afirmar que Jesus nos salva pelo seu nascimento, pela sua vida, pela sua morte e pela ressurreição.

Maria faz parte dessa história salvífica de forma especial. É a mãe de Jesus, personagem importante no mistério da encarnação. Em certo momento da vida, compreende o apelo de Jesus e se põe humildemente no caminho de seguidora. É aquela que realiza o perfil do discípulo: escuta a palavra, guarda no coração e a frutifica. E, no momento da cruz, é perseverante na fé. Por fim, participa com a comunidade de Jesus da alegria da sua ressurreição e do dom do Espírito.
É importante ver todo o trajeto da vida de Maria, junto a Jesus e seus discípulos. Não somente o momento da morte de cruz.

Precisamos compreender o lugar de Maria junto a Jesus e à sua comunidade, que hoje somos nós. Com ela, seguimos silenciosos o caminho de Jesus do calvário, até a cruz. Com ela também cantamos vibrantes a alegria da ressurreição. Aleluia!

Por Afonso Murad
Teólogo, ambientalista, professor universitário e escritor

Um comentário:

  1. Feliz e abençoada Páscoa para você e sua família!
    Que a luz do Ressuscitado ilumine seu caminho, para que possas iluminar os caminhos daqueles que estão na luta pelo Reino.
    Na alegria da ressureição,
    Catarina

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