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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ver a vida com olhos de crentes

Os catequizados e catecúmenos vêm de diferentes caminhos… Com histórias de vida e experiências de fé diferentes. Os catequistas, muitas vezes preocupados com a transmissão de conteúdos, ingenuamente, ignoram um olhar profundo para o que eles experimentaram e que realmente acreditam.


Nós usamos muito a palavra "itinerário", mas mais do que uma vez a reduzimos à simples categoria de "programa" ou "lista de conteúdos" predefinidos. Estamos presos a um dever ser que se esquece de enraizar a vida das pessoas e processos anteriores neste novo caminho que empreendemos na catequese familiar.

Talvez este breve e antiga história nos possa ajudar a expressar de forma simples o que queremos dizer.

Uma vez um explorador foi enviado pelos seus a um lugar perdido na selva amazónica. A sua missão consistia em fazer um levantamento detalhado da área. Como o explorador era um especialista no seu ofício, fez a sua tarefa com grande cuidado e perícia. Nenhum canto foi deixado sem ser explorado.

Ele descobriu quais eram as plantas e os animais, as características de cada estação, os segredos do grande rio que atravessa toda a região, as chuvas, os ventos, as possibilidades para a vida humana neste local remoto...

Quando, finalmente, ele acreditou que sabia tudo, decidiu regressar para transmitir a quem o tinha enviado o corpo de conhecimentos adquiridos.

Os seus receberam-no com expectativa… Eles queriam saber tudo sobre a Amazónia. Mas o explorador experiente percebeu, naquele momento, a incapacidade de responder aos desejos de seu povo. Como ele poderia transmitir a beleza incomparável do lugar, ou a harmonia profunda da noite que conseguiam elevar o seu coração? Como poderia compartilhar com eles o sentimento de profunda solidão que retinha à noite, o medo que o paralisou perante as feras selvagens do lugar ou o senso incomum de liberdade que ele sentia quando conduzia a canoa pelas águas incertas do rio?

Então, depois de pensar sobre isso, o explorador tomou uma decisão e disse: "- Ide e conhecei vós mesmos o lugar. Nada pode substituir o risco e a experiência pessoal. "Mas ele teve medo… Se alguma coisa acontece com eles… Se não sabem chegar… Então ele fez um mapa para guiá-los. Todos fizeram cópias, distribuindo-as e foram para a Amazónia munidos com o mapa que tinham recebido.

Todos os que tinham uma cópia consideravam-se especialistas. Não se conheciam, através do mapa, cada curva da estrada, lugares perigosos, a largura e profundidade do rio, os rápidos e as cachoeiras?

No entanto, o explorador lamentou durante toda a sua vida ter-lhes dado o mapa… Teria sido melhor não o dar a eles.

Esta história tem, talvez, muito a dizer com o ministério catequético. Não se trata de ajudar os catequizandos a explorar a selva, introduzindo-os nos meandros ou no preciosismo de uma informação doutrinária detalhada, mas principalmente para ajudar a encontrar o Deus de Jesus Cristo.

Embora seja verdade que a catequese inclui tarefas de instrução, de iniciação e educação, também é verdade que ela é um ministério ao serviço da fé. Trata-se, acima de tudo, de promover que os nossos interlocutores vivam a sua própria experiência de fé, sempre única, pessoal e intransferível.

Quando os interlocutores da catequese começam a viver a sua fé assim, como verdadeiros exploradores, com algum risco e embarcando numa espécie de "aventura pessoal", podemos dizer que este "novo nascimento" os afeta inteiramente e os abre para uma nova realidade, para realizar uma nova forma de existência.

Talvez eles, em caminhos anteriores, tenham recebido muitos mapas e estão, portanto, convencidos de ser verdadeiros especialistas nas questões da fé... Mas eles não conseguem olhar a vida com olhos de crentes. Talvez esses mapas os tenham dececionado, eles não conduziram a um encontro com Jesus e permaneceram em questões externas que criticam altamente ou que aceitam com resignação ou sem reflexão.

Talvez nós mesmos, seus catequistas, lhes tenhamos oferecido alguns mapas pré-fabricados, que serviram para nós, mas que não servem para eles. Sugerimos caminhos que nós mesmos temos percorrido, com mais ou menos sucesso, mas não os deixamos explorar e aventurar-se para encontrar-se, finalmente, com o Senhor.

Nem se trata de improvisar ou deixá-los sozinhos. Talvez seja a hora, para desvendar o significado e profundidade de uma pedagogia que Jesus conhecia muito bem: o acompanhamento. Esse caminhar acompanhando o que procura, permitindo-lhe que continue procurando... Esse caminhar, no início de modo quase impercetível e depois tão encarnada na vida do catequisando.

Um caminhar que não violenta, que não apressa, que não para e que, recorrendo à Palavra, vai deixando chegar… Cada um tem o seu tempo, com respeito aos tempos do outro, e de acordo com as suas possibilidades. Mas, por fim, arde o coração e dá-se o encontro que se celebra com o Pão compartilhado. A pedagogia do acompanhamento não se desenha em mapas, mas andando e acompanhando os caminhos pessoais e comunitários de procura.

Como catequistas, podemos propor indagar por aqui algumas das respostas pendentes para o fracasso atual da iniciação cristã. Pode muito bem ser possível iniciar-se ou retornar à fé, descartando mapas antigos e aprendendo a olhar a vida com olhos de crentes.

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