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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

OS SETE (HELENISTAS) (At 6-7)

Os cap.6-7 ainda refletem Jerusalém. No entanto, a eleição dos Sete reflete algo diferente: 

• a passagem do cristianismo de cultura hebraica para a cultura grega.

Este foi o fator determinante para a ocidentalização da Igreja e o primeiro passo para a missão de Paulo.

Com os helenistas (judeus de fala grega) surgiu a universalização da Igreja. Eles, os Sete passam a ter uma estrutura própria. Não são dirigidos diretamente pelos Doze.

Ainda que Lc diga que os Doze impuseram as mãos aos Sete, estes certamente têm outra orientação e, provavelmente geraram conflitos na comunidade, tanto com a Igreja nascente,


como também com os judeus. O primeiro mártir é o helenista Estêvão (At 7).

• Os Doze lembram os patriarcas das 12 tribos de Israel.

• Os Sete lembram os dirigentes das sinagogas (conselho).

Logo, estão aqui dois modelos de igreja que têm visão diferente. A igreja dos helenistas começa a questionar as instituições judaicas (discurso de Estêvão -7,48). Os Doze iam ao templo e lá rezavam, mas os helenistas dão um passo à frente. Dos helenistas saem as primeiras missões para o estrangeiro: Samaria (At 8,5ss), Etiópia (8,26ss), Antioquia (11,19ss). A igreja dos helenistas está separada até financeiramente da igreja dos Doze. Aqui Lc, com mão hábil, coloca os Sete sob a tutela dos Doze. Eles é que os ordenam, lhes impõem as mãos.

Lc os submete aos Doze para mostrar a continuidade apostólica, questão dos anos 80. A Palavra avança a partir de Jerusalém (esquema lucano). Lc não demonstra o conflito, parece que tudo se deu pacificamente, o que parece pouco provável.

Lc coloca todo problema numa questão de mesa, mas parece que a questão é mais doutrinal. Os helenistas desprezam a lei e o templo (7,48). Os helenistas são perseguidos ao passo que os Doze nada sofrem.



"Naquele dia explodiu contra a igreja de Jerusalém violenta perseguição.Todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram nas regiões da Judéia e da Samaria" (At 8,1b).

Estêvão é o primeiro mártir e é helenista. Isto mostra que a diferença não é só financeira, mas doutrinal. Além do mais, os Sete não aparecem cuidando da mesa, mas pregam como os Doze.

O grande conflito é o templo e a Lei (6,13). Junto com os helenistas vinham os prosélitos e estes eram excluídos do templo (At 21,28-30). Isto desagradava profundamente aos pagãos. Outro problema era a mesa. Um judeu não sentava à mesa com um incircunciso. Tais exclusões preocupavam os helenistas que levavam seus amigos pagãos e suas viúvas. Vendo estas excluídas pelos hebreus, sentiam emperrado seu processo de evangelização. Por isto lutam contra esta injustiça (Estêvão).

Desta forma os Sete, por meio de uma crise, desafiaram a igreja a se abrir aos povos pagãos. Os hebreus teriam deixado a Igreja eternamente como seita judaica, pois barravam o processo de evangelização dos pagãos. As comunidades helenistas, devido ao fato de conviverem com os pagãos, eram mais abertas e bem mais proféticas, enquanto os hebreus se atinham à instituição.

Os Sete não se fixam na continuidade de Israel, como o fazem os Doze. Sua novidade é Jesus. Jesus supera o templo e a Lei: os dois grandes obstáculos para os pagãos. Os helenistas supõem um Israel sem templo e sem lei. Estêvão faz aparecer a diferença entre cristianismo e judaísmo. Enfatiza Jesus e relativiza a Lei. Desta forma acelera a separaçãodo judaísmo.

O discurso de Estêvão provoca a ira dos sacerdotes, pois mexendo no templo, tira seu chão debaixo dos pés. Acaba com o lucro da religião. A cena do apedrejamento de Estêvão (7,54-60) é artificial. Lc cita o processo, mas não a sentença, mostra a responsabilidade dos chefes. Não parece lógico que num linchamento houvesse tempo para o condenado proferir um discurso e terminá-lo, só depois ser morto. Estêvão olha para o céu. Seria este tribunal ao ar livre?

é sinal de Importância e de Poder. O papel de Pedro é a conscientização, é levar a pessoa à participação no lugar de importância. Oferece o que tem. Que se levante, dá-lhe a sua mão e faz com que o aleijado se levante, ande e entre no Templo.

No sentido Teológico, ele encontra a fé e no Sociológico ele encontra a dignidade. Pedro e João entraram com ele. Agora tem o mesmo nível. Podem entrar juntos e recobrar a dignidade. 

Dá Temor porque se pode rever esta cultura dominante. As Pessoas já não são diferentes, objeto, mas podem todos entrar juntos. (Ver o texto da “mão seca” Lc 6,6-11 - ele vai até o centro...).
Em Lucas, quando se fala “O Templo, entende-se o Templo de Jerusalém”, mas o templo nessa época em que foi escrito Atos, já fora destruído pelos Romanos, pois os escritos dos foram lá pelos anos 80.
Capitulo IV, 32-37
Este texto reflete um pouco a filosofia de Platão (República), mas também reflete Dt 15,4.

Certamente tem algo de concreto nisto, pois os apóstolos e discípulos vindos da Galiléia não podiam subsistir em Jerusalém, pois lá não tem pesca nem agricultura. E os companheiros de Jesus eram, na sua maioria, pobres. Certamente este grupo de miseráveis foi amparado por alguns ricos de Jerusalém. 

Nem todos partilhavam tudo (5,1-11).

Lc quer motivar a partilha em suas comunidades à partilha.

Por isto se refere a Jerusalém, ou seja, as comunidades realizam o que Jesus ordenara (Lc 1,46ss; 12,33; 18,22).

Resta uma dúvida: se Barnabé era levita (v.36), então não podia ter propriedades (Nm 18,20; Dt 10,9).
Capitulo V, 1-11
Lucas faz crítica aos judeus de Jerusalém. O casal é caracterizado como violadores das normas, pois o projeto é compartilhar os bens e isto não acontece com perfeição. Uma parte é boa e outra é falha. Ananias e Safira, juntos, fazem o ato: vendem, escondem o dinheiro. A mulher também faz parte do ato econômico e social. Antes, no mundo judaico, a mulher não tem vez, não tem direito algum. Aqui, ela é participante no lado bom e no falho; ela é proprietária. A venda se dá com seu consentimento. 

A 1ª intenção é participar da comunidade. Vender a propriedade = ou colocar em comum sem perder o direito de propriedade. O problema é a mentira de ambos. Aí está a transgressão do projeto da comunidade; deram só a metade. Se prometer, tem que cumprir. A morte é a frustração de não poder entrar no grupo. Acabou o projeto para eles. Não podem fazer parte do grupo.
A partir da fraude financeira contra a comunidade tudo pode acontecer. A lenda de Ananias era um remédio assustador para cortar o mal pela raiz. O maior pecado é o que se faz contra a comunidade, pois Lc quer que suas comunidades sejam autênticas. Mentir para a comunidade em assuntos financeiros destrói a comunidade. Ananias e sua mulher pecaram contra a comunidade, isto é, contra o Esp. Santo, pois a comunidade (igreja) é obra dele. Havia crença de que a morte era castigo (At 12,23; 1Cor 5,5; 11,30).

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